“A joia, na perspectiva da joalheria contemporânea, não é necessariamente feita para o uso. É preciso haver uma relação entre a peça e o corpo”, diz Alice Floriano. E seguindo à risca esses preceitos, ela desenvolve obras que estão muito próximas da arte e que abusam da madeira e da prata como matéria prima.
Alice desde sempre se viu criando acessórios a partir de quaisquer materiais que lhe inspirassem. E sua facilidade para desenvolver as peças levou-a a vendê-las da forma mais simples possível: “Era ripongagem de pano no chão”, diz. A importância dessa fase foi enorme, pois já naquele momendo ela começava a estabelecer uma identidade para suas criações, as quais já revelavam o estilo tribal que tanto lhe agrada. Parece que o estilo de Alice estava se definido pela busca do sensível, da simplicidade e do simbólico, interesses que perduram até hoje.
O processo evolutivo de Alice nas técnicas da joalheria começou com o curso de moda na Feevale. Concluídos os estudos, ela partiu para a Europa, estudou formas orgânicas na Central St. Martins em Londres e se estabeleceu em Lisboa, onde a joalheria contemporânea é muito desenvolvida e dotada de uma forte linguagem própria. Na capital portuguesa, Alice trabalhou com Teresa Seabra, renomada joalheira, e teve suas obras expostas em galerias.
De volta ao Brasil, o espírito nômade de Alice está em processo de adaptação. Ela diz que tem procurado aqui uma reflexão mais rica acerca do papel da joalheria contemporânea, mas que até o momento encontrou poucas pessoas que pensem essa área de forma crítica. De acordo com Alice, alguns conceitos que já estão consolidados em outros países parecem não ter tido eco no Brasil, o que se reflete, muitas vezes, em criações repetitivas e derivadas de um inconsciente coletivo muito evidente.
Apesar disso, a joalheira parece feliz em mais um trânsito de sua vida, e interessa-se por observar de que modo as pessoas consomem e usam suas peças: “quase nunca é uma pessoa convencional, é alguém que foge a maneiras de vestir mais estereotipadas. A jóia se transforma em vitrine ambulante do estilo de quem a carrega”.
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